Thursday, June 30, 2016

All in a day / Num só dia

Note: Versão portuguesa mais abaixo.

They wake up, and not long after that they are moms and dads, doctors and policemen. In a matter of seconds they are building Christmas’ trees and caroling. With precision they create helicopters that smoothly turn into cars and later into birthday cakes.
After a quick break they are on a train headed to the beach to visit the fish and swim with the sharks. They race with the same emotion as if they are in the Olympics and play football as if they are facing World’s Cup elimination.
In a hurried bathroom pause (always multitasking) they rehearse their chants, but swiftly prepare to the next challenge. They check others for damage and try to keep control of the room. They hear their colleagues’ opinions and are promptly ready to rebut every argument. They cook a three course meal and feed the children, and after all that they still have the time (and energy) to ride their bike.

As the day comes closer to to its end, gathered around the table, they still have time to ask about their families and make plans for a day out. And when it’s all finally over, they sleep… like the babies they are. Imagination probably still running wild in their dreams, resting just enough to be ready to yet another exciting day.


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Num só dia

Acordam e pouco depois já são pais e mães, médicos e policias. Numa questão de segundos criam uma árvore de Natal que acompanham com canções. Com precisão constroem helicópteros que facilmente se transformam em carros e mais tarde em bolos de aniversário.
Depois de um pequeno intervalo estão num comboio em direcção à praia, para visitar os peixes e nadar com os tubarões. Correm com a emoção de quem está nos Jogos Olímpicos e jogam futebol como quem está num jogo de eliminação do Mundial.
Numa pausa apressada para a casa-de-banho ensaios os seus cantos, mas rapidamente se preparam para o desafio seguinte. Analisam os outros procurando lesões e tentam manter o controlo da sala. Ouvem as opiniões dos colegas e estão sempre preparados para refutar qualquer argumento. Cozinham uma refeição de três pratos e alimentam as crianças, no final ainda têm tempo (e energia) para dar uma volta de bicicleta.
Quando o dia se aproxima do fim, reunidos à volta da mesa, ainda têm tempo para perguntar pela sua família e fazer planos para um passeio. E quando finalmente o dia termina, dormem… como bebés que são. A sua imaginação provavelmente ainda a correr à solta nos seus sonhos, descansado apenas o suficiente para enfrentar a excitação de um novo dia. 


Sunday, June 26, 2016

Being me / Ser eu

Nota: Versão portuguesa mais abaixo. 


Being me is living in a constant struggle. It’s panicking in advance and having to push myself to do anything.  It’s constantly putting myself on the line. It’s being afraid of everything and knowing that if I’d only do what I was comfortable with, most days I wouldn’t even get out of the house.

Being me is not being able to fall asleep at night because I’m dreaming of all the things I could do and do nothing at all. It’s feeling the urge to change the world and yet fear failure so much that I can’t even make a move. It's doubting every single skill I have. It’s hearing someone say 100 great things about me and only listen to the not so positive one. Is hating myself for every misstep, even if the outcome is positive. It’s reaching for perfection and holding myself to higher standards even though I believe pretty much anyone is better than me.

Being me is having days I don’t feel anything and days I feel everything at once. It’s feeling empty and numb or scared and tired. It’s trying to grasp all moments of joy so badly that I almost let them pass by me. It’s remembering every spoken word. It's playing conversations in my head over and over again. It’s hearing I have a way with words and not being able to have a proper conversation in real life. It's preaching about trust and trusting no-one. It’s assuming I have to give all I have and expect nothing from anyone.

Being me is wanting to be alone but not wanting to be lonely. It’s taking special interest in people as species and yet not being so sure I understand them. It’s not being comfortable around people and not being able to live without them. It’s wanting to keep my distance and yet finding myself making connections wherever I go.

Being me is being overwhelmed with thoughts and ideas and yet feeling so empty inside. It’s lacking creativity and then spending my days imagining worst case scenarios. It’s feeling my heart shrinking, my breaths becoming harder and shorter and always pretend I’m in my pretty happy bubble.

Being me is keeping tabs and notes on everything just in case it might come in handy one day. It's using that evidence to realize that after decades I still struggle with the same issues. It’s knowing the root of my problems and not being able to tackle them. It's traveling worlds away and realizing I can't run away from myself. It's creatively changing the scenario but not what's inside. It’s having to admit that the problem is in me and facing the reality that likely some things will never change.

Being me is having people's faith and not knowing what to do with it. It’s deceiving them every day. It's faking confidence and living in constant agony. It’s wanting to be loved and hating the pressure of being loved at all. It’s being afraid to let people know what they mean to me and at the same time being scared not to show them enough.

Being me is being proud and appreciative of the people I have in my life and still need to refuge my soul in my imaginary world. It’s not being able to forget even though I admire those who can forgive. It's pretending like nothing can hit me and feel with every fiber of my being. It's admiring vulnerability and keeping myself wrapped up inside.

Being me is overthinking every single move and not being able to justify my issues. It’s constantly lying to myself, promising that better days will come. It’s fighting, day in and day out not to let myself be consumed by what goes inside me. It’s putting on a mask and smile the fears away. It’s writing the words I can’t say and dream the life I can’t have.


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Ser eu

Ser eu é viver numa luta constante. É entrar em pânico por antecipação e ter de me obrigar constantemente a saltar o risco. É ter medo de tudo e saber que se só fizesse aquilo em que estou confortável na maioria dos dias nem sairia de casa.

Ser eu é não ser capaz de adormecer por estar a sonhar com tudo o que podia fazer e não ser capaz de fazer nada. É sentir a necessidade de mudar o mundo e ter tanto medo de fracassar que nem sou capaz de dar um passo. É duvidar de cada uma das minhas competências. É ouvir alguém dizer 100 coisas maravilhosas a meu respeito e apenas escutar a menos positiva. É odiar-me por cada passo mal dado, mesmo que o resultado final seja positivo. É almejar perfeição e exigir mais de mim do que dos outros, apesar de achar que quase qualquer um é melhor que eu.

Ser eu é ter dias que não sinto nada e dias que sinto tudo de uma vez só. É sentir-me vazia e dormente ou cansada e com medo. É esforçar-me tanto por agarrar todos os momentos de alegria que quase que deixo que me passem ao lado. É lembrar-me de cada palavra dita. É repetir conversas na minha cabeça vezes e vezes sem conta. É ouvir que tenho um dom com palavras e ser incapaz de ter uma conversa na vida real. É dar sermões sobre confiança e não confiar em ninguém. É querer manter a distância e acabar por criar relações onde quer que vá.

Ser eu é viver sobrecarregado de pensamentos e ideias e ainda assim sentir um vazio cá dentro. É não ser criativo e apesar disso passar os meus dias a imaginar os cenários mais terríveis. É sentir o meu coração a encolher, a minha respiração a acelerar e fingir sempre que está tudo bem.

Ser eu é guardar notas sobre tudo, não vá um dia dar jeito. É usar essas provas para perceber que depois de décadas as minhas lutas são as mesmas. É conhecer a raiz dos meus problemas e não ser capaz de resolvê-los. É viajar mundos de distância e perceber que não posso fugir de mim mesma. É encontrar maneiras criativas de mudar o cenário e não ser capaz de mudar o que está cá dentro. É ter de admitir que o problema está em mim e encarar a realidade que provavelmente há coisas que nunca mudarão.

Ser eu é ter a confiança das pessoas e não saber o que fazer com ela. É enganá-las todos os dias. É fingir confiança e viver em constante agonia. É querer ser amada e odiar a pressão de ser amada de todo. É ter medo de dizer às pessoas o que significam para mim e ao mesmo tempo ter medo de não lhes mostrar o suficiente.

Ser eu é ter orgulho e estar grata pelas pessoas que tenho na minha vida e ainda assim sentir a necessidade de refugiar a minha alma no meu mundo imaginário. É não ser capaz de esquecer, embora admire aqueles capazes de perdoar. É fingir que nada me atinge e sentir com cada fibra do meu ser. É admirar vulnerabilidade mas fechar-me no meu casulo.

Ser eu é pensar e analisar cada momento da minha vida e não ser capaz de justificar os meus problemas. É constantemente mentir a mim mesma prometendo que melhores dias virão. É lutar dia após dia para não ser consumida pelo que vai cá dentro. É por uma máscara e afastar os medos com sorrisos. É escrever as palavras que não consigo dizer e sonhar a vida que não posso ter.

Thursday, June 23, 2016

We are who we are / Somos quem somos

Nota: Versão portuguesa mais abaixo

We are who we are for a lot of reasons.  It’s true that we start life with a set of pre-defined traits, but it’s also true that we are shaped by every experience. We are constantly changing, adapting, evolving. Every chance meeting, every event, every interaction plays a role in the person we eventually become.
People around us have the ability to raise or lower our standards. They can make us believe and challenge us to become better versions of ourselves or feed our fears and encourage us to be less.
We cross paths with so many people throughout life and they all teach us something. Good or bad, they all bring something that we can use to improve who we are, how we face life and how we perceive others.  It’s not always smooth and easy, it’s hard to keep perspective at times, you may feel hurt or betrayed, but with time (and effort) you can use every experience to improve yourself.
We don’t always take the proper time to consider and value the ones we keep close in our lives. We often just accept what we’re given. But if it’s true that people around us have a strong influence in what we become, it is also true that we have the power to choose who we surround ourselves with. It is our job to make sure that we keep ourselves surrounded by those who can have a positive impact in our lives. And that is not saying that you get rid of people when things get tough, positive influences don’t always come in nice packages, it just means that you surround yourself with people who respect you and are willing to fight and work and be more.
Some people teach us to love and trust, to laugh and appreciate the good things in live. Some people teach us to stand up for ourselves, even if it’s against them that we need to stand up for. Others remind us how volatile relationships can be, how easily people bail when it gets hard. With some we learn to say no and to stop blaming ourselves for everything that happens. What they all have in common, is they all help us grow.
A lot of people will enter and exit our lives, but just because they leave it doesn’t mean a part of them doesn’t stay with us forever. In fact, like so often happens in life, the most challenging experiences end up the being the ones that teach us the most. So in the end, what really determines who we are is how we cope with all these feelings and emotions. It is our choice to let these experiences make us bitter or take advantage of them and become better for ourselves and others.


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Somos quem somos

Somos quem somos por muitas razões. É verdade que começamos a vida com um set de características predefinidas, mas também é verdade que somos moldados por cada experiência. Estamos constantemente a mudar, adaptar, evoluir. Cada encontro ao acaso, cada evento, cada interacção tem um papel na pessoa em nos iremos transformar.
As pessoas à nossa volta têm a capacidade de elevar ou diminuir os nossos níveis de exigência. Podem fazer-nos acreditar e desafiar-nos para nos tornarmos melhores versões de nós mesmos ou alimentar os nossos medos e encorajar-nos a suprimir o nosso potencial.
Cruzamos caminhos com tantas pessoas ao longo da vida e todas elas têm algo para nos ensinar. Bom ou mau, todas elas trazem algo que podemos utilizar para melhorar quem somos, como encaramos a vida e como vemos os outros. Nem sempre é fácil e tranquilo, por vezes é difícil manter a perspectiva quando te sentes magoado ou traído, mas com tempo (e esforço) podes usar cada experiência a teu favor.
Nem sempre perdemos o tempo que devíamos a avaliar e valorizar aqueles que mantemos por perto na nossa vida. Frequentemente simplesmente aceitamos o que nos é dado. Mas se é verdade que as pessoas à nossa volta têm uma grande influência no que nos tornamos, também é verdade que nós temos o poder de escolher quem nos rodeia. É nossa a responsabilidade de nos mantermos rodeados por pessoas que podem ter um impacto positivo nas nossas vidas. E isso não quer dizer livrarmo-nos de alguém quando as coisas ficam difíceis, as influências positivas nem sempre veem em pacotes bonitos, simplesmente significa que deves rodear-te por pessoas que te respeitem e que estejam dispostas a lutar, trabalhar e ser mais.
Algumas pessoas ensinam-nos a amar e confiar, a rir e a apreciar as coisas boas da vida. Algumas pessoas ensinam-nos a defender a nossa posição, ainda que seja contra elas que o tenhamos de fazer. Outras lembram-nos o quão voláteis as relações podem ser, como facilmente as pessoas desistem quando se torna difícil. Com algumas aprendemos a dizer não e deixamos de nos culpar por tudo o que acontece. O que todas elas têm em comum é que todas nos ajudam a crescer.

Muitas pessoas irão entrar e sair das nossas vidas, mas só porque saem não quer dizer que parte delas não fique connosco para sempre. Na verdade, como acontece muitas vezes na vida, as experiências mais desafiadoras são normalmente as que nos ensinam mais. Por isso, no final, o que realmente determina aquilo que somos é a forma como lidamos com todos estes sentimentos e emoções. A escolha é nossa – deixar que estas experiências nos tornem amargos, ou tirar vantagem delas e tornarmo-nos melhores, para nós e para os outros. 

Sunday, June 19, 2016

All different, all the same / Todos diferentes, todos iguais

Nota: Versão portuguesa mais abaixo.



I like to believe that we have an impact in this world and I try my best to have a positive one.
I want to make a difference, but I don’t always know how, because I don’t know how to fight something that I don’t understand, that I don’t get where it comes from.

I know it’s important to speak up, that it helps, that we have to educate people, that being silent is (a big) part of the problem… but where do I even start? How can I make people see something that should be so obvious? How can I show someone that the color of someone’s skin doesn’t define their personality? How do I teach them that someone’s sexual orientation doesn’t make them better or worse people? How to stop them to make superficial judgments?

I find it very hard to hear people’s arguments to justify prejudice. To justify what doesn’t have a plausible justification. I don’t even know where to start to reason with them, because I can’t stand their arguments. Sometimes I have to stop listening, I need to block it out, which is selfish, but I just can't even begin to understand how it is possible to hate someone based on their origins, skin color, religion or sexual orientation.

How can people not see that we're all humans? How can people justify double standards? How can you be against any form of love?
It is hard for me to admit that there’s such a long way to go still… it’s amazing how often you hear racist and homophobic comments from what should be educated people. In a lot of cases people aren’t even aware of their prejudices. At first sight they are accepting, but then they let the truth slip between their comments. People don’t realize the impact of their words, they don’t even see they’re part of the problem.

I struggle with how to deal with this because I know I can't force my principles on people, preaching to them won’t have any real effect and I can’t simply change or try to control their minds.
I’m guilty of not always speaking up, I admit. I don’t because it makes me mad, because I’m almost afraid of what I might hear, because I fear to see sides of people I don’t really want to see. But we must speak up, because ignoring the problem means to be part of it!

I don’t know how to deal with all the prejudice that is still around us, I don’t know how to make people see that we are all deserving of love, respect and acceptance, I don’t know how to make a change… what I do know is that you can’t fight negativity with negativity. So until I find a better solution I choose to focus on the bright side. Instead of focusing on the dark voices, I choose to support those who are trying to have a positive impact for these communities.

I can’t promise to change someone’s mind, but I can vow to work hard so that the next generation sees immigrants, refugees, biracial couples or LGBT’s rights as something so natural that vouching for them won’t even be necessary. What I can do is commit myself to contribute to this cause by making sure our kids contact with different cultures, learn about diversified heroes, hear fairytales about same gender couples and non-stereotyped families. By making sure diversity is such a natural part of their everyday life that nothing else makes sense.

These should all be all non-issues by now. We shouldn’t need to fight against racism or homophobia anymore, we shouldn’t need to fight for equality. People should be able take it for granted. To feel safe, accepted and loved as long as they respect others and treat them with kindness. There are so many other complex subjects to worry about, this shouldn’t be one of them. It’s sad, frustrating and most of the times even maddening, but if we don’t give up, if we keep standing up for what we believe, what we know is right, eventually change will happen.


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Todos diferentes, todos iguais


Quero acreditar que o que fazemos tem impacto no mundo, e dou o meu melhor para que o meu impacto seja positivo.
Quero fazer a diferença, mas nem sempre sei como, porque não sei como lutar contra algo que não entendo, que não percebo de onde vem.
Sei que é importante falar, que ajuda, que temos de educar as pessoas, que o silêncio é (grande) parte do problema… mas onde começar? Como posso fazer alguém ver algo que devia ser tão óbvio? Como posso mostrar que a cor da pele não define a personalidade de ninguém? Como posso ensinar-lhes que a orientação sexual de alguém não faz dele melhor ou pior pessoa? Como posso parar as pessoas de fazerem julgamentos tão superficiais?

Custa-me muito ouvir raciocínios para justificar preconceitos. Para justificar algo que não tem justificação possível. Não sei sequer onde começar a racionalizar com essas pessoas, pois a verdade é que não tolero os seus argumentos. Às vezes tenho de deixar de ouvir, simplesmente bloqueio, o que é egoísta, mas é que não consigo de forma alguma perceber como é possível odiar alguém com base apenas na sua origem, cor de pele, religião ou orientação sexual.

Como é possível não verem que somos todos humanos? Como acham aceitável direitos diferentes? Como se pode ser contra alguma forma de amor?
É muito difícil para mim admitir que ainda temos um caminho tão longo a percorrer… é impressionante a quantidade de comentários racistas e homofóbicos que se ouve de pessoas supostamente educadas. Grande parte das vezes as pessoas nem têm sequer noção dos preconceitos que carregam consigo. À superfície são tolerantes, mas a certa altura a verdade acaba por escapar entre os seus comentários. As pessoas não têm noção do impacto das suas palavras, nem se apercebem que são parte do problema.

Tenho dificuldade em lidar com isto porque sei que não posso forçar os meus princípios a ninguém, porque passar sermões não terá nenhum impacto real e porque não posso simplesmente mudar ou tentar controlar a mente dos outros.
Sou culpada porque não falo sempre que devia, admito. Não o faço porque me deixa fora de mim,  porque receio as barbaridades que possa ouvir, porque quase que tenho medo de descobrir facetas de pessoas que não quero descobrir… mas temos de falar, porque ignorar o problema significa ser parte dele!

Nem sempre sei como lidar com todos os preconceitos que ainda nos rodeiam, não sei como fazer os outros verem que todos nós merecemos amor, respeito e aceitação, não sei como impulsionar a mudança… o que sei é que não é possível combater negatividade com negatividade. Por isso até encontrar uma solução mais eficaz escolho focar-me no lado positivo. Em vez de me concentrar naqueles que descriminam escolho apoiar aqueles que tentam ter um impacto positivo junto destas comunidades.

Não posso garantir conseguir mudar a mente de ninguém, mas posso prometer que irei trabalhar para que a próxima geração veja os direitos dos imigrantes, refugiados, casais bi-raciais e LGBT como algo tão natural que defendê-los não será sequer necessário. O que posso fazer é comprometer-me a contribuir para esta causa promovendo o contacto das nossas crianças com culturas diferentes, ensinando-lhes sobre heróis variados, lendo-lhes contos de fadas sobre casais do mesmo género e famílias não estereotipadas. Garantindo que a diversidade é uma parte tão natural do seu dia-a-dia que outra coisa nem fará sentido.


Estes problemas já não deviam existir. Já não devia ser preciso lutar contra o racismo e homofobia, não devíamos precisar de lutar por igualdade. Devia ser algo natural. As pessoas deviam poder sentir-se seguras, aceites, amadas, desde que respeitassem os outros e os tratassem com bondade. Existem tantos assuntos mais complexos com os quais nos devíamos preocupar, este já não devia ser um deles. É triste, frustrante e muitas vezes até enfurecedor mas não podemos desistir. Se continuarmos a lutar pelo que acreditamos, pelo que sabemos estar certo, a mudança vai acabar por acontecer.

Thursday, June 16, 2016

Inspired by Amélia Nascimento [2016]

“Estamos todos juntos!”
Amélia Nascimento [2016]


Este texto faz parte de uma série de publicações inspiradas por pessoas reais à minha volta, que em algum momento me tocaram com as suas palavras. Mais informações sobre este projecto aqui 


Cresci numa família verdadeiramente numerosa. Habituada a casas cheias, almoços barulhentos e Natais intermináveis. Só bem tarde é que percebi que uma família “normal” não junta com regularidade no mínimo 20 pessoas para um simples almoço de domingo. 
Na nossa família nunca eras o mais novo durante muito tempo, havia sempre alguém que vinha a seguir e tomava o teu lugar de benjamim da família e era com orgulho que encaravas o papel de mais velho (ainda que a diferença fosse de apenas meses). Crescíamos juntos, entre brincadeiras e discussões, ralhetes e muitas asneiras. Os mais velhos (ainda eles crianças) com a responsabilidade de manter os mais novos na linha, de lhes ensinar o que também eles tinham aprendido com seus irmãos e primos.
A maioria das minhas amigas não ficava sozinha em casa aos 14/15 anos, mas na nossa família, com essa idade nós já tomávamos conta dos mais novos. Claro que os mais velhos às vezes abusavam, os mais novos serviam quase de escravos, não tinham voto na matéria, tinham de lutar pelo seu lugar, era um pouco a lei da sobrevivência, mas o facto de não sermos demasiado protegidos ensinava-nos a ganhar a nosso próprio espaço.
Eu era a mais novas da primeira “leva” de primos, super ingénua, e lembro-me bem das aldrabices que nos pregavam. Mas também me lembro das brincadeiras, das cartas que as primas mais velhas nos escreviam, e de me carregarem às cavalitas quando as minhas pequenas pernas não conseguiam acompanhar as suas…
À medida que fui crescendo muitos desses primos mais velhos foram-se afastando naturalmente, mais independência, outros interesses… e de repente, quando a segunda “leva” de primos veio eu era uma das duas primas mais velhas que estava sempre presente. Depressa os papéis se inverteram. Já era eu quem enviava as cartas que as primas mais novas recebiam do carteiro com entusiasmo, já era eu quem carregava os mais pequenos ao colo ou os transportava na cadeirinha da bicicleta, já era eu quem os ajudava a crescer, como também a mim me tinham ajudado.
Hoje, esses que eram pequenos, também já não são tão pequenos assim… e é certo que com um ou outro o contacto foi ficando mais reduzido, mas na grande maioria pouco mudou. Eles cresceram, muitos já atingiram a adolescência, outros até já a ultrapassaram, mas continuo a estar presente - a fazer “babysitting”, a dar-lhes boleias, conselhos, mimos e abraços. Continuamos com as idas à praia, almoços ou tardes de jogos. E é com orgulho que com eles partilho memórias que fizeram de mim o que sou hoje.

Somos 28 primos direitos (se não me falha nenhum), e a mais nova está a umas semanas de fazer 7 anos. No outro dia, chegou a casa com um papel com o seguinte TPC “pensa em 3 características que tornam a tua família especial”. Imediatamente comecei a pensar como responder a essa pergunta, mas não sabia sequer onde começar, pois o que temos de especial tem um quê de inexplicável. A Amélia não sabia sequer o que significava a palavra características, mas quando lhe explicámos sem grandes hesitações respondeu simplesmente… “sei lá… estamos todos juntos!”. E a sua resposta, curta e rápida fez sentido, pois se é verdade que por razões diversas já não estamos todos juntos, também é verdade que muitos de nós se mantêm juntos. Juntos de verdade, não apenas nas grandes celebrações ou feriados, mas juntos também nos momentos mais pequenos, naqueles onde as aprendizagens se fazem e as memórias se criam, naqueles que realmente importam. Não há famílias perfeitas, e a nossa está longe de sê-lo, mas é por tudo isto que apesar do meu estilo de vida meio nómada faço um esforço consciente para me manter presente. Porque apesar de todo o drama e disfuncionalidade que nos rodeia, ou talvez por causa deles, é que me tornei naquilo que sou hoje. 

Wednesday, June 15, 2016

Inspired by Ivan Clemente [2016]

Nota: Versão portuguesa mais abaixo


“We like people for what we want them to be, or what we think they are, more than for what they truly are (….) we create static images, more or less uniform of ourselves and others, but people are not uniform, they have emotions and complex motivations, desires, fears, expectations, often contradictory, besides they are always changing. "
Ivan Clemente [2016]


This is part of a series of posts inspired by real life people around me that at some point touched me with their words. For more information on this project click here.


Expectations. They are everywhere, they are our own worst enemy and if we’re not careful they can undermine everything around us. Expectations lead to frustration, and even though we hate them, we keep forcing them on others. They're sneaky little things, we don't see them coming until they're already too deep. Until we are faced with disappointment. It’s not always conscious, but we create ideals in our heads that make very hard for anyone to live up to. We put people in boxes, we label them, we try to compartmentalize and keep it organized, but the thing is… people are multidimensional, they have different sides to them, different emotions rise at different times and no matter how long we’ve known someone, we can never 100% predict how they will act at all times.
We often set ourselves up for heartbreak because of the expectations we create. We judge people based on images we created of them without their permission. We resent them for disappointing us based on ideals they never agreed to live up to.
The more we like someone, higher are the standards we set up for them. We put people we care about in pedestals until it's impossible for them to do anything other than disappoint us, because no-one is that constant, no-one is that perfect. So it's not surprising that people we once loved are the ones who end up disappointing us the most, and it's not always their fault, at least not completely.
Relationships are hard enough without the added pressure. We need to learn how to let go of our expectations, to stop expecting people to be perfect and just embrace who they truly are.
We use them against ourselves too. Expectations. We develop characters based on other people’s expectations, based on our own expectations. We become afraid to deviate from the pattern, to be different. We disguise ourselves for so long, that eventually we forget who we really are.


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“Gostamos das pessoas por aquilo que queremos ou achamos que ela sejam, mais do que por aquilo que elas são (…) Criamos imagens estáticas e mais ou menos uniformes de nós e dos outros, mas as pessoas não são uniformes, têm emoções e motivações complexas, desejos, receios, expectativas muitas vezes contraditórias, e além disso estão sempre a mudar.”
Ivan Clemente [2016]


Este texto faz parte de uma série de publicações inspiradas por pessoas reais À minha volta, que em algum momento me tocaram com as suas palavras. Mais informações sobre este projecto aqui


Expectativas. Estão em todo o lado, são o nosso pior inimigo, e se não tivermos cuidado podem minar tudo à nossa volta. As expectativas levam a frustrações, e apesar de as detestarmos continuamos a forçá-las àqueles que nos rodeiam. As expectativas são sorrateiras, passam despercebidas e só damos por elas quando já é demasiado tarde. Quando somos confrontados com a desilusão. Nem sempre é consciente, mas criamos ideais na nossa cabeça, impossíveis para qualquer ser humano atingir. Pomos as pessoas em caixas, rotulamo-las, tentamos categorizá-las e organizá-las, mas o problema é que as pessoas são multidimensionais, têm facetas diferentes, emoções que surgem em diferentes alturas, e não importa há quanto tempo conheces alguém, nunca poderás antecipar a 100% as suas reacções.
Os nossos desgostos são muitas vezes causados por nós próprios, devido às expectativas irreais que criamos. Julgamos os outros com base em imagens que criamos deles sem a sua permissão. Ressentimo-los por nos desiludirem com base em ideais que nunca concordaram representar.
Quanto mais gostamos de alguém, mais elevadas são as expectativas que criamos a seu respeito. Colocamos as pessoas de quem gostamos em pedestais até ser impossível não nos desiludirem, porque ninguém é tão constante, ninguém é tão perfeito. Por isso não é surpreendente que as pessoas que em tempos amámos sejam as que acabam por mais nos desiludir, e a culpa nem sempre é delas, pelo menos não completamente.
As relações humanas são suficientemente difíceis sem essa pressão adicional. Precisamos de aprender a abdicar das expectativas, de parar de esperar que os outros sejam perfeitos e aceitá-los pelo que realmente são.

Também as usamos contra nós… as expectativas. Desenvolvemos personagens baseadas nas expectativas dos outros sobre nós, baseadas nas nossas próprias expectativas sobre o que devemos ser. Temos medo de nos desviarmos do padrão, de ser diferentes. Mascaramo-nos durante tanto tempo que chega a um ponto que já não sabemos quem realmente somos.  

Monday, June 13, 2016

Inspired by Iva Morse [2014]

Nota: Versão portuguesa mais abaixo

"You are destined to do very special things in your life" 
Iva Morse [2014]

This is part of a series of posts inspired by real life people around me that at some point touched me with their words. For more information on this project click here 


You take her in your arms and you hold her close. The sweet baby smell quickly overpowering all your senses. It’s not your first time with a baby, not even your first time with a baby this young, and yet you can’t help but be in awe of her. How can something so little hold so much perfection?
Your hand travels to hers and slowly but surely she wraps her tiny fingers around one of your own. Her grasp gentle and yet so comforting. She stares at you with wide curious eyes and you take in all her beauty – the flawless skin, the rosy cheeks, the tiny little nose.
It’s in moments like this you wish you could stop time – so you could keep her safe in your arms, forever, where no harm can reach her, where she doesn’t have to experience the darkness of life.
There’s nothing new for you about this, you have been around children plenty, but it always strikes you how everyone starts out like this – so pure, naïve and innocent. You wonder where we get lost. As humans, how we go from this level of perfection to the unstable mess most of us feel like on a regular basis. You can’t help but feel a bit jealous of her freedom, her life still a blank page, no expectations, no mistakes, still with a chance to become whatever she wants to be.
You may be holding a life in your hands but you don’t feel like you have any power, she does. She, someone destined to do great things, like you were once, like we all were. Someone that still has her whole life ahead of her to do it. 
It takes you back to when you were a child, living the dream. You miss those times. As you grew holder it became harder to believe. It’s not that you don’t want to, it’s just that so much has happened, you feel so tired, so empty, so trapped, that you don’t know how.
She’s just lying there, so calm and relaxing, and while looking at the tiny human in your arms you are hit with a gush of fresh air, a quiet voice that whispers that you still have a chance, that you can still do things, that you can chose where to go from here. Maybe you don't need to travel back in time and start over. Maybe all you need is a reminder of why it is worth keep fighting for, because all of us are destined to do special things in our lives, it just happens that some get lost along the way.

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"Estás destinada a fazer coisas muito especiais na tua vida"
Iva Morse [2014]

Este texto faz parte de uma série de publicações inspiradas por pessoas reais À minha volta, que em algum momento me tocaram com as suas palavras. Mais informações sobre este projecto aqui


Pegas nela e segura-la junto ao teu peito. O doce cheiro a bebé rapidamente dominando todos os teus sentidos. Não é a tua primeira experiência com um bebé, nem sequer a tua primeira experiência com um bebé tão pequeno, e ainda assim não consegues deixar de ficar deslumbrada. Como é possível algo tão pequeno conter tanta perfeição?
As tuas mãos viajam até às dela, lentamente mas sem hesitações os seus pequenos dedos abraçam um dos teus. O seu toque suave mas tão reconfortante. Ela fixa-te com olhos grandes e curiosos e tu absorves toda a sua beleza – a pele perfeita, as bochechas rosadas, o nariz minúsculo.
É em momentos como estes que gostavas de poder parar o tempo – para poderes mantê-la a salvo nos teus braços, onde nenhum mal a pode alcançar, onde não tem contacto com o lado escuro da vida.
Não há nada de novo nisto para ti, estás constantemente rodeada de crianças, mas nunca deixa de te fascinar como todos começamos assim – puros, ingénuos e inocentes. Perguntas-te onde nos perdemos. Como seres humanos, como conseguimos passar deste nível de perfeição para a trapalhada instável que a maior parte de nós se sente no dia-a-dia.
Não consegues deixar de invejar a sua liberdade - a sua vida uma página em branco, sem expectativas nem erros, ainda com a possibilidade de se tornar em tudo aquilo que ela quiser.
Podes estar a segurar uma vida nas tuas mãos, mas não sentes que tens poder algum. Ela tem. Ela, alguém destinado a atingir grandes feitos durante a sua vida, como tu foste um dia, como todos nós fomos. Alguém que ainda tem uma vida inteira à sua frente para fazê-lo.
Transporta-te de volta ao passado, quando eras tu a criança, a viver o sonho. Tens saudades desses tempos. À medida que foste crescendo tornou-se mais difícil acreditar. Não é que não queiras, é que já viveste demasiado, sentes-te tão cansada, vazia, presa, que não sabes como.
Ela mantém-se ali, impávida e serena e enquanto olhas para o ser humano minúsculo nos teus braços és atingida por uma lufada de ar fresco. Uma voz tranquila que te sussurra que ainda tens uma hipótese, que ainda podes fazer tudo o que sonhaste, que podes começar de novo. Se calhar tudo o que precisas é de algo que te recorde que vale a pena continuar a lutar, porque todos nós estamos destinados a fazer coisas especiais na nossa vida, alguns simplesmente perdem-se pelo caminho.


Thursday, June 09, 2016

Inspired by Hanna Sobczuk [2014]

“Life is an endless ocean of opportunities”
Hanna Sobczuk [2014]

This is part of a series of posts inspired by real life people around me that at some point touched me with their words. For more information on this project click here


We’re nothing more than a drop in the ocean,
But we can be better than a mere portion.
We can be a speck of dust waiting to be blown away,
Or we can be the ray of light at the end of the day.

My life is full of sweet beginnings,
I’ve faced my fears and took the winnings.
Despite the pain I kept my aim,
And nothing now will ever feel the same.

There can’t be only one open door,
To the world around us there must be more.
Maybe I’m selfish, I can’t be content
Don’t want to wonder where I should have went.

In all its glory we go through the motion,
With hearts so full of deep emotions.
With every blow we might get broken,
But we won’t leave any words unspoken.

I have it clear, in my own vision,
All I can get with the right decision.
I have been wrong so many times before,
But this time I know, I feel it in my core.

I know you think I should take caution,
That this can lead to more complications.
But I can’t change the circumstances,
All I have left is to take my chances.

So I’m done playing by the rules,
Because all we are is a bunch of fools.
We have a world so full of options,

If we’re not afraid to take some actions. 

Tuesday, June 07, 2016

Inspired by Sofia Figueira [2009/2014]

Note: Scroll down for english version 


“Ser educador não é algo que se ensine, é algo que tem de se sentir”/ “Não desista dos seus sonhos (...) devemos lutar pelo que acreditamos, não devemos desistir, podemos fazer a diferença se formos persistentes e acreditarmos em nós” 
Sofia Figueira [2009/2014]


Este texto faz parte de uma série de publicações inspiradas por pessoas reais à minha volta, que em algum momento me tocaram com as suas palavras. Mais informações sobre este projecto aqui 


A educação é a luz da vida, os seus alicerces essenciais, e os educadores os seus mediadores.
Diz-se que educador é quem ensina consciente ou inconscientemente alguma coisa a alguém. Mas mais do que ensinar, o educador é alguém que nos ajuda a descobrir quem somos e que nos muda enquanto pessoas. Um educador não é aquele que apenas transfere conhecimentos, mas aquele cujos ensinamentos carregas contigo o resto da vida.
Para o educador um novo desafio é lançado a cada dia, é um processo contínuo onde também ele aprende diariamente e também ele é transformado pelo que vive e quem o rodeia.
Educar é processo complexo, muito mais do que a maioria imagina. Exige estudo e conhecimentos, mas exige também algo que não pode ser ensinado. Algo inato, que se tem ou não.
A teoria é importante, mas não nos podemos perder nela, temos de saber o que é pensar como um ser humano, sentir como um ser humano.
Os grandes educadores não se criam, nascem. E não nascem de um dia para o outro, nascem do cruzar de conhecimentos teóricos, dedicação e algo inato, indiscritível, que não se pode transmitir. Há quem lhe chame vocação
A escolha é nossa, seguir a nossa vocação ou não. Seguir a nossa vocação nem sempre é um caminho fácil. O nosso impacto é grande, enquanto educadores não podemos corrigir os nossos erros, pois eles marcam as pessoas. Contudo, enquanto seres humanos podemos sempre tentar fazer melhor da próxima vez.
O verdadeiro educador nem sempre é nosso amigo, às vezes é duro de mais, refilão, às vezes conhece-nos demasiado bem, sabe onde tem de nos desafiar e exactamente o que tem de fazer para nos tirar da nossa zona de conforto. O verdadeiro educador é alguém que respeitamos, não porque uma hierarquia pré-existente assim o define, mas porque o seu respeito foi conquistado. Por isso a pressão é maior, por isso falhar e desapontá-lo é mais devastador... mas o verdadeiro educador não se desilude com os nossos erros, pode deixar-nos cair mas está lá para nos levantar e ajudar a tentar de novo. O bom educador lembra-nos que não há limites, e que devemos sonhar, ele acredita em nós mesmo quando nós não o conseguimos fazer. Muitos educadores ensinam coisas importantes, mas o que todos eles deviam ensinar é a sonhar, pois não há nada mais importante que isso.
Os educadores que recordamos não são necessariamente os que nos transmitiram mais conhecimentos, mas os que perderam tempo para nos conhecer, os que nos viram como indivíduos únicos e especiais, os que nos tocaram. Porque o conhecimento é importante, mas também o são as emoções. Não pode haver um sem o outro. E porque as pessoas precisam de se sentir envolvidas emocionalmente, para ensinar o educador tem de ser capaz de tocar as suas emoções.

A influência do educador não termina com o ano lectivo, pois quando um educador nos toca, a sua voz, calma e confiança fica connosco… para sempre!

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“Being an educator is not something that can be taught, is something you must feel”/ “Don’t give up on you dreams (…) we must fight for what we believe, we mustn’t give up, we can make a difference if we are persistent and we believe in ourselves” 
Sofia Figueira [2009/2014]

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Education is the light of life, its fundamental foundation, and educators are its mediators.
They say educator is the one that consciously or unconsciously teaches something to someone, but more than teaching, an educator is someone who helps you find your true self, who changes you as a person. An educator is not someone who simply transmits knowledge, but the one whose wisdom you carry with you through life.
An educator faces a new challenge every day, it’s an ongoing process where the educator also constantly learns, and where he too is transformed by the people around him.
Education is a complex process, more than most people imagine. It demands study and knowledge, but it also demands something that can’t be taught. Something that either you have it or not.
Theory is important, but we can't get lost in it, we need to remember what it means to think like a human being, to feel like one.
Great educators aren't made. They are born. And they aren’t just randomly born one day. They are born from a combination of knowledge, dedication and something innate, something indescribable, something that can’t be transmitted. Some say it’s true calling.
It is a choice, to follow our true calling or not. Following our calling doesn’t always mean it's going to be an easy road though. Our impact is major, as educators we can't undo our mistakes, for what we do stays with people. However, as human beings we can always try to do better next time.
The true educator is not always our friend, sometimes he’s too demanding, cranky, sometimes he knows us too well, knows where to push, exactly what to do to take us out of our comfort zone. The true educator is someone we respect, not because some hierarchy says so, but because his respect was earned. For that reason the pressure is higher and disappointing him more devastating… but the thing is, true educators won’t be disappointed by our mistakes. They might let us fall, but they’ll be there to help us stand up and try again. Good educators remind us that there are no limits, and that we must dream, they believe in us even when we can’t. A lot of educators teach important things, but the one thing they should always teach is how to dream, because there's nothing more important than.
The educators we remember are not necessarily the ones who offered us more knowledge, but the ones that spent time to get to know us, that saw us as unique individuals, the ones that touched us. Because knowledge is important, but so are emotions. There can’t be one without the other. And because people need to feel emotionally involved, to be able to teach them, the educator has to be able to touch their emotions.
The influence of an educator doesn’t end with the end of school year, because when an educator touch us their voice, calm and confidence will remain with us… always!


Always

...I dreamed of you again. 
It didn’t hurt like it used to, at least not after I woke up. 
This time when I opened my eyes there were no tears or sobs, just… silence.
In my dream I was still mourning you though… 

One day I’ll have to forgive myself for not being there for what should have been our last dinner together. A fact I know no one remembers, and yet I can't forget.


Written: 28.04.2016

Sunday, June 05, 2016

Inspired by Márcia Costa [2011]

Nota: Versão portuguesa mais abaixo

“You live alone, for the others, when you should learn how to live with them”
Márcia Costa [2011]


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You were taught to do the right thing, to be polite, to put others first and protect the things you love. You were raised to be a good man in the storm. You convinced yourself that’s what they need you to be, always. Maybe it’s because you have a predisposition to martyr yourself, or maybe you just need to believe you have a reason to be here, but how realistic is that? How true, even?
You have this obsession with fixing things, fixing people, simply because you can't fix yourself. You put others first not because you are selfless, but so you don't have to focus on your own issues. You do it because it makes you feel good about yourself. But if you always put others first, in the end, where do you even stand?
In the long run, if you refuse to satisfy or even acknowledge your own needs, how can you be expected to be satisfy others’?
It’s actually dishonest and hypocritical, it’s unfair. That you don’t give people the opportunity to even try and do the same thing for you. You preach about the importance of trust and openness while you’re the queen of isolation land. You are always there, but you always keep at arm’s length. You always have one foot out the door, you don’t get too involved, too attached, because when things get real, that’s when people get hurt.
You care about people, no matter how long you've been trying to convince yourself that you don't. Despite all your efforts to be self-sufficient.
You’ve always been surrounded by people, loads of them, people that care about you just as much as you care about them. You’ve never been alone, not once in your lifetime, and yet the loneliness you feel inside is almost constant. You know that you’re not supposed to do it alone, that you don’t have to do it alone, that it takes a village, and you’re lucky enough to have one, you just haven’t figured out how to rely on it yet.
You share spaces and memories with the people around you, but you don't live with them. You have your own secluded life.  You've set yourself apart. You've been trying to keep the storm away for so long, that you forgot how to let people in.


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“Vives sozinha, para os outros, quando devias aprender a viver com eles”
Márcia Costa [2011]


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Foste ensinado a fazer o que está certo, a ser educado, a por os outros primeiro e a proteger aquilo que amas. Foste educado para seres o “homem bom na tempestade”. Convenceste-te que é isso que eles precisam que sejas, sempre. Se calhar porque tens uma predisposição para te martirizares, ou então porque precisas de acreditar que há uma razão para a tua existência, mas até que ponto isso é realístico? Verdade, até?
Tens uma obsessão por consertar tudo à tua volta, consertar pessoas, simplesmente porque não te consegues consertar a ti mesmo. Pões os outros primeiro, não porque seres altruísta, mas para não teres de te focar nos teus próprios problemas. Fazes isso porque te faz sentir bem contigo mesmo. Mas se pões sempre os outros primeiro, no final, onde é que tu ficas?
Se recusas satisfazer ou até apenas admitir as tuas necessidades, a longo prazo, como podes ser capaz de satisfazer as necessidades dos outros?
Na verdade é desonesto e hipócrita. É injusto. Que não dês aos outros a oportunidade de sequer tentarem fazer o mesmo por ti. Dás sermões sobre a importância de confiar e desabafar, enquanto tu és o rei do reino do isolamento. Estás sempre presente, mas manténs a distância. Tens sempre um pé do outro lado da porta, não te envolves demasiado, não te apegas em demasia, porque é quando as coisas se tornam reais, que as pessoas se magoam.
Preocupas-te com os outros, não importa o quanto te tentes convencer que não é verdade. Apesar de todos os teus esforços para seres autossuficiente.
Sempre estiveste rodeado de pessoas, muitas pessoas, pessoas que gostam de ti tanto como tu gostas delas. Nunca estiveste sozinho, nem por um segundo na tua vida, e ainda assim a solidão que te acompanha é quase constante. Sabes que não é suposto enfrentares tudo sozinho, sabes que não tens de fazê-lo sozinho, que é preciso uma aldeia, e tu és sortudo porque tens uma, apenas ainda não aprendeste a depender dela.

Partilhas espaços e memórias com as pessoas à tua volta, mas não vives com elas. Tens a tua própria vida, isolada de tudo e de todos. Distanciaste-te do mundo. Durante tanto tempo lutaste para manter longe a tempestade, que no fim acabaste por te esquecer como deixar entrar os outros. 

Friday, June 03, 2016

Inspired by Annee Tromp [2012]

Nota: Versão portuguesa mais abaixo. 

"There is no rest for the creative mind"
Annee Tromp [2012]

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As a child, I always played movies in mind when I was trying to fall asleep. In general I daydreamed the whole time, but at night it was a sacred ritual. It all started as a defense mechanism, because I used to have so many nightmares. So I learned that if I chose the “movie” I wanted to play in my head before falling asleep it was easier to avoid bad dreams.
It was as if I’d popped a tape into my VCR (yes, I’m that old), actually that was exactly what I used to tell my mother “the tape is on”, and then basically I’d mentally watch as much as I could before drifting off to sleep.
The stories started simple, but over the years they became more and more complex. The characters would occasionally be replaced, but a lot of them carried on for years, becoming my loyal friends.  I can’t pinpoint exactly when this started, but the oldest stories I can remember are from when I was in first/second grade. I don’t have nightmares anymore, but I’m still a terrible sleeper, and to this day, this is the only way I can fall asleep.
I've always thought that I had an overactive mind, everything serves as inspiration, never a resting moment. Most times it makes life more interesting, it doesn’t matter if I’m waiting for the bus or having a long walk, inside my head there’s never a dull moment. I can observe people for hours, just imagining who they are, what they do, how they are feeling. My creativity allows me to have imaginary friends that never leave my side, and thoughts of change and hope for better and more interesting days.
They say that creative people are different, that they see the world from a different perspective, but it’s not all sunshine and rainbows. Sure it’s nice to be able to retreat to the safe place in your head whenever you need, but daydreaming to this degree means you are never 100% anywhere. There’s always a part of you that is left there, in your parallel universe. You often get lost in time and space, you just shut off. It’s not always intentional or visible, but when the ideas start flowing nothing else really matters. Inspiration can come at anytime, anywhere, and when it arrives you just can't ignore it. You also get bored easily, you try not to, you know life can’t be exciting all the time, but your mind needs to be constantly stimulated. You try not to lose interest, you try to keep paying attention and eventually you notice that you were trying so hard to focus, that you lost whatever was happening entirely.
I just can’t keep the thoughts from coming in… which is probably why I can’t sleep. I’m often told that I need to lose control. Like it’s that simple, like it's a switch you can just turn on or off. Maybe for some people it is, but not when you have a creative mind constantly shouting 10.000 things that could go wrong if you do. When your mind runs 200 miles/hour everything has to be planned, there’s no room for spontaneity. When every delay’s a reason to jump to the worst possible scenarios, you second guess every move, analyze every feeling, read into every single action.
It’s very demanding, exhausting even, I get overstimulated quite often, when there’s too many people, too much noise… There’s always too much going on in my brain, but I can’t control that, because how do you run from things that are inside your head?
It’s a love/hate relationship. There are moments I just want to shut it all down, give it a rest, for once take a break, but at the same time I don’t think I could live without it. Because, as a child I might have daydreamed to avoid nightmares, but as I grew up the stories in my head became vital to cope with the things I couldn’t deal in real life.

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“Não há descanso para as mentes criativas”
Annee Tromp [2012]


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Quando era miúda, assistia filmes na minha cabeça enquanto tentava adormecer. Em geral, passava os dias a sonhar acordada, mas à noite era um ritual sagrado. Tudo começou como um mecanismo de defesa, porque tinha muitos pesadelos. Com o tempo acabei por aprender que se escolhesse o “filme” que queria ver na minha cabeça antes de adormecer conseguia evitar os sonhos maus.
Era como se pusesse uma cassete VHS no vídeo (sim, sou desse tempo), aliás era exactamente isso que dizia à minha mãe “vou pôr a cassete”, e depois basicamente assistia mentalmente o mais que pudesse até acabar por sucumbir ao sono.
Inicialmente as histórias eram simples, mas com o passar dos anos foram-se tornando mais complexas. As personagens ocasionalmente eram substituídas, mas muitas mantiveram-se ano após ano, tornando-se leais amigos. Não sei exactamente quando tudo começou, mas as histórias mais antigas que me lembro são de quando estava na primeira/segunda classe. Hoje em dia já não tenho pesadelos, mas ainda sou péssima a dormir, e até hoje só consigo adormecer assim.
Sempre achei que tinha uma mente híperactiva, tudo serve de inspiração, nunca um momento de descanso. A maior parte das vezes isso torna a vida mais interessante. Não importa se estou à espera do autocarro ou numa longa caminhada, dentro da minha cabeça nunca há um momento aborrecido. Sou capaz de ficar a observar pessoas durante horas, simplesmente a imaginar quem são, o que fazem, o que estão a sentir. A minha criatividade permite-me ter amigos imaginários que nunca me abandonam, e pensamentos de mudança e esperança para dias melhores e mais interessantes.
Dizem que as pessoas criativas são diferentes, que veem o mundo de outra perspectiva, mas nem tudo são raios de sol e arco-íris. Claro que é bom poderes refugiar-te na tua cabeça sempre que é preciso, mas sonhar acordado a este nível significa que nunca estás a 100% em lado nenhum. Há sempre uma parte de ti que fica lá, nesse teu universo paralelo. Perdes-te no tempo e no espaço com frequência, simplesmente desligas. Nem sempre é intencional ou visível, mas quando as ideias começam a fluir nada mais interessa. A inspiração vem a qualquer altura em qualquer lugar, e quando chega não consegues ignorá-la. Aborreces-te facilmente. Tentas que não aconteça, sabes que a vida não pode ser excitante o tempo todo, mas a tua mente precisa de ser constantemente estimulada. Tentas não perder o interesse, tentas tomar atenção e acabas por perceber que tentaste tanto manter a concentração que o que quer que seja em que te devias estar a concentrar acabou por te passar ao lado.  
Não conseguido impedir os pensamentos de chegar… provavelmente é por isso que não durmo. Oiço com frequência que devia perder o controlo. Como se fosse assim tão simples, como se se tratasse de um interruptor que podes ligar ou desligar. Talvez seja para algumas pessoas, mas não quando tens uma mente criativa que constantemente te grita 10.000 coisas que podem correr mal se o fizeres. Quando a tua mente corre a 300 km/h tudo tem de ser planeado, não há espaço para espontaneidade. Quando qualquer atraso é razão para saltar para os piores cenários possíveis, duvidas cada gesto, analisas cada sentimento, questionas cada acção.
É muito exigente, esgotante até. Sinto os meus sentidos sobrecarregados com alguma frequência, quando há gente demais, demasiado barulho… Há sempre demasiado a acontecer no meu cérebro, mas isso não posso controlar, afinal… como é que foges de algo que está dentro da tua cabeça?

É uma relação de amor/ódio. Há momentos que só quero desligar tudo, ter um momento de descanso, fazer um intervalo, mas ao mesmo tempo acho que não conseguiria viver de outro jeito. Porque se enquanto criança sonhava acordada para afastar os pesadelos, quando cresci as histórias na minha cabeça tornaram-se vitais para lidar com o que não consigo encarar na vida real.  

Wednesday, June 01, 2016

Inspired by Mónica Amaral [2004]

"...I would like to mature my youth without ever losing the innocence of a child"
Mónica Amaral [2004]


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The day started like any other. In the calendar nothing that anticipated something out of the ordinary. I woke up and followed my routine. I remember leaving the house thinking “One more day, less than two weeks to go”. I wasn't having a bad day, I wasn't particularly tired, but I wasn't drunk on excitement either. It was just supposed to be a normal day.
They were already waiting for us when we arrived, sitting quietly, their little eyes fixed on us the moment we walked through the door. It was just supposed to be a normal day, but then the activities started and they came… the children.
It was just supposed to be a normal day… and then I felt it, something inside. At first it was brief, barely noticeable, so I ignored it, but then it happened again… and again. A chill going through my body, a warm feeling inside.
I felt it when they wrapped their tiny arms around my thighs. I felt it when I kissed better the boo-boo on his finger, I felt it when I picked her up in my arms, when she cuddle close and hers tears stopped.
I forget important things sometimes. Sometimes I do get lost in my own head and my goals. Somedays I can’t seem to remember why I do what I do.  But then days like this happen, and it all comes back to me. And it’s such a cliché, I know it is, and I’m not painting the perfect picture, because it’s hard work, it’s not always easy, they are not always warm… but when they are, when it works… nothing compares. And I forget it sometimes, I don’t know how because it feels so right, but I do.
It’s one of the things I fear with this lifestyle… that I grow colder, unattached. I’m not the warmest person to start with and the jumping around… I know that for some people doesn’t really matter, that they do it for the fun of the activities, but for me the individual connection is important. I don’t want to get to a point where everything becomes so old that I don’t even see the kids anymore. I want to see them! I need to see them!
I need them to remind me of the times when laugh came easily, magic doors could transport me anywhere and miraculous hugs made the monsters under the bed go away.
I don’t wish I could go back in time, I don’t want to unlive. I’ve learned so much along the way, maturity does help to cope with a simultaneity of emotions, so I can’t regret that… but somehow I wish I could keep the same innocence.
I miss being unafraid, living in the moment. I miss being able to believe that love never dies, I miss being able to believe I can run the world, I miss being able to believe in imaginary friends, I miss being able to… just believe.

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”…Gostava de amadurecer a minha juventude sem nunca perder a inocência de uma criança”
Mónica Amaral [2004]


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O dia começou como qualquer outro. No horário nada que antecipasse que algo de extraordinário ia acontecer. Acordei e segui a minha rotina. Lembro-me de sair de casa e pensar “Mais um dia, já falta menos de duas semanas”. Não estava a ter um dia mau, não estava particularmente cansada, mas também não estava propriamente a pular de entusiasmo. Era suposto ser apenas um dia normal.
Elas já estavam à nossa espera quando chegámos, sossegadas, os seus pequenos olhos fixados em nós assim que atravessámos a porta. Era suposto ser apenas um dia normal, mas depois as actividades começaram e elas vieram… as crianças.
Era suposto ser apenas um dia normal…. E de repente senti alguma coisa cá dentro. Primeiro brevemente, quase imperceptível, por isso ignorei, mas depois aconteceu outra vez… e mais uma. Um arrepio que me percorria o corpo todo, uma sensação de conforto cá dentro.
Senti-o quando abraçaram as minhas coxas com os seus pequenos braços. Senti-o quando beijei o dói-dói no seu dedo, senti-o quando a peguei ao colo, quando apertou o seu corpo contra o meu e as lágrimas pararam de cair.
Às vezes esqueço-me de coisas importantes. Às vezes perco-me na minha cabeça, nos meus objectivos. Há dias em que parece que não me consigo lembrar porque faço o que faço. Mas depois dias como este acontecem e tudo faz sentido novamente. É um cliché, eu sei, e não estou a tentar pintar o quadro perfeito, porque é um trabalho difícil, nem tudo são rosas, elas nem sempre são carinhosas… mas quando são, quando funciona… nada se compara. E eu às vezes esqueço-me, não sei como, porque é um sentimento tão bom, mas esqueço.
É um dos receios que tenho com este estilo de vida… que me torne mais fria, desapegada. Já não sou uma pessoa muito calorosa por natureza e estas mudanças de um lado para o outro… sei que para algumas pessoas isso não é importante, que fazem o que fazem pela diversão e pelas actividades em si, mas para mim o contacto pessoal é importante. Não quero chegar ao ponto em que tudo é tão rotineiro que já nem vejo as crianças. Quero vê-las! Preciso de vê-las!
Preciso que me lembrem dos tempos em que o riso vinha facilmente, portas mágicas me transportavam para outros mundos e abraços milagrosos faziam os monstros debaixo da cama desaparecer.
Não desejo voltar atrás no tempo, não quero apagar o que vivi. Aprendi tanto ao longo do caminho, a maturidade realmente ajuda a aceitar uma simultaneidade de emoções, e não me arrependo disso… mas gostava de poder manter a mesma inocência.

Tenho saudades de ser destemida, de viver no momento. Tenho saudades de acreditar que o amor nunca morre, tenho saudades de acreditar que posso mudar o mundo, tenho saudades de acreditar em amigos imaginários, tenho saudades de… simplesmente acreditar.