Friday, February 27, 2015

Uma boa escola não é a que simplesmente ensina, mas a que inquieta

O anúncio da conferência tinha sido partilhado há algumas semanas atrás por uma das professoras da escola. Apenas um entre muitos, mas por alguma razão este despertou a minha atenção. Por diversos motivos há algum tempo que estava afastada deste mundo, mas depois de alguma indecisão e preguiça decidi combinar com uma ex-colega de curso e, pela segunda vez na mesma semana, regressei à minha antiga escola. Àquela onde tinha tirado o curso que tanto me ensinara mas que por opção ainda não exercera (pelo menos não de forma tradicional). Estava entusiasmada, não sabia o que esperar, mas sentia que precisava de despertar algo dentro de mim.

Ainda não tínhamos entrado na escola avistámos um dos nossos antigos professores. Apesar da hora já avançada, atrasámos o passo enquanto decidíamos se lhe devíamos falar ou não. “Será que ainda se lembra de nós? Afinal já passaram seis anos…” discutíamos. Antes mesmo de termos tempo para chegar a uma conclusão, ele olhou para nós acenando freneticamente enquanto um enorme sorriso lhe aparecia no rosto. Sem hesitações aproximou-se, surpreendendo-nos com um abraço apertado enquanto dizia “Claro que me lembro! Como me poderia esquecer?”.

O tempo era apertado e agora com a com a alma mais aconchegada seguimos caminho para não chegarmos atrasadas. Sem tempo a perder entrámos no anfiteatro que já estava lotado. Discretamente avançámos até à primeira fila onde ainda se encontravam alguns lugares vazios, enquanto lançávamos olhares curiosos aqui e ali à procura de caras conhecidas. As primeiras que avistei foram as de algumas alunas actuais que tinha conhecido há menos de uma semana, mais uns olhares e encontrámos antigas colegas da nossa turma. Mesmo a tempo da introdução lá nos sentámos, na primeira fila, no centro, bem à frente da conferencista e de mais uma ex-professora nossa. Entre tirar os blocos de notas e procurar canetas lançámos mais uns olhares e, do outro lado da sala veio o sorriso caloroso daquela que sempre fora a nossa professora favorita.

Após uma breve introdução, sem mais demoras, a conferencista iniciou a sua apresentação. O tema eram os Direitos da Criança na Educação de Infância, e a preletora até então desconhecida para nós. A conferencista tinha um discurso bem articulado e simples, e a apresentação voou, porque durante os 60 minutos seguintes fomos submersas no mundo de concepções e questões com que ela nos desafiou. Admitiu várias vezes não ter respostas milagrosas, não desvalorizou as conquistas do passado mas evidenciou o longo caminho que há pela frente. Discutiu semântica, questionou conceitos banalmente utilizados, mas acima de tudo alertou para a necessidade de pensar e repensar o nosso discurso, as nossas acções… a nossa prática.

Atentas a cada palavra, dissecando cada afirmação, pensando cada ideia com a mente critica que em tempos esta mesma escola nos havida ajudado a desenvolver, nós tirávamos notas enquanto trocávamos olhares e pequenos comentários. Quando o final chegou e a voz foi passada à audiência, os espectadores menos pacientes e movidos apenas pela entrega do certificado apressaram-se a sair, nós queríamos mais! Sabia-nos a pouco, e no entanto, a informação a processar era tanta que não conseguimos por em palavras um comentário ou uma questão.

Saí da conferência com mais perguntas do que quando entrei, mas saí também com uma enorme vontade de ler, pesquisar, estudar e reflectir. Senti-me mais consciente das minhas limitações, mas inspirada para procurar saber mais. Sentia o meu cérebro a funcionar a 1000 à hora, mas movido por algo que realmente me apaixona, e tinha saudades disso. Saudades dos dias passados nesta mesma escola em discussões fervorosas sobre aquilo que acreditávamos e a realidade que víamos lá fora. Saudades das promessas de não nos deixarmos cair na rotina e nos limitarmos a seguir a corrente. Saudades de ter alguém que desafiasse cada asserção que fazíamos, que nos “obrigasse” a justificá-la, que não nos deixasse fazer afirmações vazias de conteúdo.

Foram muitas as vezes que, enquanto alunas, abandonámos a sala de aula frustradas, porque cada pergunta que fazíamos era devolvida com outras cinco questões tão ou mais complexas. Nunca era sim ou não, nada nunca era oferecido numa bandeja. Estar numa escola em que os professores assumiam não saber tudo era um conceito novo para nós, e estranho. Se eles não sabiam como poderíamos nós aprender? A adaptação a este tipo de ensino demorou algum tempo, pois em 12 anos de escola esta era provavelmente a primeira vez que as informações não nos eram dadas em modelos pré-formatados, tínhamos de pensar. E parece simples, afinal de contas, passados 12 anos na escola certamente saberíamos pensar. Mas estávamos erradas. Sabíamos aprender, decorar e debitar matérias, mas o verdadeiro pensamento crítico aprendemo-lo apenas quando na faculdade, quando chegámos a esta escola. Ali tivemos de repensar tudo o que nos havia sido ensinado no passado, de aprender a pensar fora dos modelos pré-estabelecidos, de observar e analisar antes de julgar, e isso é algo que fica para a vida.

Não é fácil mantermos este nível de reflexão no dia-a-dia, não quando não estamos rodeados por pessoas que nos confrontem, não quando saímos desta escola, que nos cria um ambiente tão propício à reflexão, não quando não temos ninguém a “controlar” o nosso discurso e a certificar-se que sabemos o que que fazemos e porque o fazemos.


É fácil estupidificarmos no mundo cá fora. É mais fácil ter certezas do que viver na angústia de nunca ter as respostas para tudo, de nunca terminar o caminho, mas há algo de gratificante nesta procura constante. Algo inexplicável que esta inquietude nos traz, algo que nos faz vibrar. E é isso que nos continua a mover quando saímos da escola e nos libertam para o mundo real. É isso que garante que iremos continuar a desconstruir conceitos e a pensar, mesmo quando deixamos de ter alguém que se certifique que o fazemos. Uma escola que só ensina tem um contributo limitado na medida em que o seu trabalho termina quando o aluno termina os seus estudos, mas uma escola que inquieta tem um impacto a longo prazo, pois quando a semente da reflexão é deixada, dificilmente a pessoa se limitará a aceitar o que lhe é dito sem reflexão. E é isso que nos faz crescer. 

Wednesday, February 25, 2015

I wish I could put in words all the stories I have to tell, all the thoughts I have to share, all the ideas I come up with. I wish I had the ability to lay them down in form of coherent thoughts instead of rambling notes that probably don’t make sense to anyone but me.
On my best days I still hope that someday it will all make sense somehow… the questions, the fears, the uncertainties, the characters that day after day keep me company and night after night invade my dreams. The ones that have the life I dream or the one I fear the most.
I wonder if there’s something else I can do with them, something useful, productive. It just seems such a waste to have all these lives, all these personas with so many stories to tell and keep them locked where only I can hear them. Like somehow I am their confident, though they were never really given a choice.

But then again maybe that’s the point. Because maybe if I dare to look closer I’ll see that, truth to be said, I’m not their confident as much as they are mine. And the reason I can’t bring myself to let go of their stories is because all of them have a bit of me, and if I would set them free those who would care to look closer would be able to see more of me than I’m willing to share. 

Sunday, February 22, 2015

Do you ever feel heavy with the emptiness inside your soul, though you can’t be sure you would survive without it anymore?
Trapped inside yourself, as if drowning has become your safe spot, the only thing you know and can rely on.
Obsessing over the worst possible scenarios and even more unrealistic dreams. Like you only dare to hope for the unattainable.
Do you ever feel so numb that your heart aches, like you feel nothing and yet the weight of your emotions seems to crush you?
Affected by the pain of people you’ve never met, when you can’t connect with those around you.
Preaching what you desperately want to believe is true, but can’t find a way to follow.
Do you ever feel like there’s so much of this world you can take at once, before you need a time-out on your own?
A trip to your private universe, to recharge, and give you strength for another go in a place you’re not sure you want to be.

A moment to crash, a slip of a second to mourn, before the brave façade goes back up and you have to face reality again.